Resenha “O doador de memórias”

Esse blog foi inspirado num clube do livro que eu e a Camila começamos e, como alguns devem saber, há alguns meses esse clube cresceu e hoje temos gente do Brasil todo lendo em conjunto todos os meses e discutindo virtualmente tais leituras. O livro de Janeiro foi “O doador de memórias”, da autora norte americana Lois Lowry. A resenha dos livros do clube serão feitas no formato usual aqui do blog, mas você poderá conferir ao final dela alguns dos comentários dos membros do clube. Enjoy! 🙂

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“O Doador de Memórias”

Lois Lowry é uma autora norte americana nascida em 1937, sua carreia é ampla, conta com uma boa quantia de prêmios literários e grande reconhecimento. The Giver foi publicado primeiramente no ano de 1993 e, ao longo dos anos, ganhou espaço em escolas como leitura obrigatória e acabou por se difundir por vários países.

O livro nos apresenta uma sociedade utópica e ideal, sem sofrimentos e totalmente planejada por um conselho de sábios, que acreditam ser capazes de decidir o que é melhor ou pior para o bom funcionamento da sociedade, já que a oportunidade de decisão é um perigo para o homem. Um mundo convenientemente blindado contra qualquer tipo de sofrimento, desigualdade, guerras, questionamento e até mesmo de beleza. Não há espaço para aquilo que pode levar as pessoas a um pensamento que fuja das bases já estabelecidas.

Famílias são formadas por combinações ideais, nas quais não há espaço para conflitos e desavenças. Profissões são escolhidas com base em treinamentos realizados por toda a fase da infância e adolescência. Não há ninguém igual, não há nenhum excesso. Todos ali tem suas funções muito bem estabelecidas.  Os membros desta comunidade não tem nenhuma memória do passado antigo e estão muito confortáveis e satisfeitos com suas vidas pacatas e totalmente ordenadas.

Há tantas coisas que eu poderia lhes dizer, coisas que seria bom que modificassem! Mas eles não querem mudanças. A vida aqui é tão ordenada, tão previsível. Tão indolor. É como eles escolheram.”

Nesse ínterim, o narrador nos apresenta o jovem Jonas, personagem central da obra, prestes a completar doze anos e descobrir qual será a ‘profissão’ e função que desempenhará por toda a sua vida. Jonas tem uma família boa, pais e uma irmã que se dão muito bem, alguns amigos queridos e a estranha habilidade de “ver além”, que ele sequer entende. No ritual anual de atribuição das designações, Jonas se vê diante de um enigma que mudará sua vida. Ele é escolhido para ser o recebedor de memórias. Só há um doador e um recebedor. As duas únicas pessoas que tem a possibilidade de conhecer um mundo diferente daquele lugar idealizado em que vivem. Duas pessoas que são capazes de diferenciar cheiros, sabores, cores e sensações e que tem como única função aconselhar os governantes de tal sociedade em momentos que o plano precisa ser reajustado, ou em momentos nos quais se deparam com situações ainda desconhecidas.

O eixo da narrativa é justamente a experiência de Jonas como recebedor e o fato de ele passar a ter conhecimento do mundo real, de um mundo onde há dor e sofrimento. Um mundo onde há também cores, sons e belezas jamais imaginadas por aqueles que estão felizes em suas vidas convencionadas. Aos poucos Jonas percebe o quão terrível é viver uma vida plastificada, sem significado e se vê no dever de fazer algo para dissolver a nebulosidade por trás desse tipo de sociedade regrada.

O livro nos convida a pensar sobre o que é uma vida perfeita e ideal. O que precisamos para ser felizes? Que tipo de rebelião é necessária afim de conseguir uma vida com algum significado?

Com uma escrita fluida e envolvente, obra é considerada um clássico dentro das escolas norte americanas e é poderoso justamente  por conta deste caráter questionador e narrativa inovadora. Um livro que nos convida a pensar questões muito maiores, a refletir sobre nosso próprio mundo, nossos desejos e expectativas. Uma narrativa curta, simples e muito poderosa que pode remeter aos clássicos “Admirável mundo novo” e “1984”, que seguem uma temática semelhante de sociedade pensada e valores manipulados.

“Gostei do sentimento do amor… Jonas sentiu que algo se dilacerava dentro dele, uma dor terrível que abria caminho com suas garras para emergir num grito… O pior de ser quem guarda as lembranças não é a dor que se sente. É a solidão. As lembranças precisam ser partilhadas.”

O livro faz parte de uma série de quatro livros escritos pela autora, sendo os demais títulos:  “A escolhida” (2000), “O mensageiro” (2004) e “Son” (2012), sendo que o último ainda não foi publicado no Brasil.

No ano de 2014 estreou o filme de mesmo nome baseado na novela de Lois Lowry, com direção de Phillip Noyce e participação de Taylor Swift, que foi um sucesso de bilheteria. A música tema do filme é da banda OneRepublic e dialoga muito bem com toda a temática da história. Você pode conferir abaixo o trailer do filme e escutar a música tema.

Ano: 2014
Editora: Arqueiro
Número de páginas: 192
Nota: 4/5

Comentários no Clube do Livro

“Eu adorei o livro. Uma leitura que me prendeu muito… quando ele percebeu o diferente, se encantou, por mais que tivessem os sofrimentos, ele teve muito prazer em sentir alegria, nas coisas simples da vida… ele queria que as outras pessoas pudessem sentir isso e foi muito corajoso… ele pensou além dele, não sendo egoísta, colocando sua própria vida em risco pela oportunidade de outros sentirem a mesma coisa.” – Carla

Esse livro nunca passou pela minha lista de desejos, se não fosse esse clube do livro, nunca teria lido. Ele me surpreendeu muito. A leitura me prendeu do início ao fim.” – Ellen

“Viver sem emoção e depois descobrir o colorido, sentimentos de dor e alegria, amor, poder decidir sobre seus atos, ter um nome, uma identidade, sentir o outro diferente. Talvez estejamos precisando de um Jonas para enxergar…” – Ely

“Li e adorei, foi uma leitura que também não teria feito se não fosse pelo clube, achei bastante profundo e ótimo para várias reflexões.” – Patrícia

“Eu também fiquei muito pensativa e até um pouco introspectiva depois da leitura e de ter assistido ao filme pela segunda vez.” – Taine

Resenha por: Munique

Resenha “Vá, coloque um vigia”

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“Tenho certeza de que as coisas não foram sempre assim. As pessoas costumavam confiar umas nas outras por algum motivo, não me lembro por quê.”

Da mesma autora de “O sol é para todos” (1960), Harper Lee, Vá, coloque um vigia é o livro que marca o retorno da aclamada autora ao cenário literário. Cronologicamente, este foi escrito antes do primeiro publicado, mas acabou caindo nas mãos do leitor apenas 65 anos depois, sendo lançado no ano de 2015, registrando recordes de venda nos primeiros dias de publicação e acabando com o longo silêncio de uma das maiores autoras americanas do século XX.

A história nos apresenta o retorno da pequena heroína Scout* à sua terra natal, Maycomb, 20 anos depois da narrativa anterior. Jean Louise Finch, agora uma adulta formada e cheia de opiniões, deixa Maycomb para viver em Nova Iorque, porém, frequentemente visita seu pai, Atticus, em sua cidade natal. Muita coisa poderia ter mudado na vida da personagem, bem como em sua cidadezinha de origem, mas o que logo de início choca o leitor é a perda de um dos personagens mais importantes do primeiro romance de Harper Lee. A autora nos apresenta um novo personagem que será importante para o decorrer da narrativa, Hank, de modo que ele já fazia parte da infância de Scout, mas que ganha destaque apenas neste segundo momento.

Jean Louise fora criada numa casa onde aprendeu a respeitar a todos e a ver todas as pessoas como pessoas. Tratar negros e brancos com igual respeito e importância, porém, o desafio da personagem será lidar com a nova perspectiva social que vive Maycomb, por conta das leis e discursos segragacionistas vividos nos Estados Unidos em meados do ano de 1950. Tais questões dividem não só o país ou o estado do Alabama, mas será um divisor de águas também na residência Finch.

O conflito ideológico entre pai e filha pode chocar um pouco o leitor que acabou se encantando com o livro anterior. A Scout e o Atticus que conhecemos basicamente não existem mais. O tempo transforma as pessoas de maneira muito drásticas. O tom da narrativa é bastante diferente e os conflitos são de ordem menor e mais pessoal. Atticus é muito descaracterizado em comparação ao personagem anteriormente conhecido. Jean Louise é revoltada e insatisfeita com os rumos que sua família tomou, e se torna um pouco desacreditada da vida. Sua preocupação continua sendo enviesada pelas questões raciais e direitos humanos, mas para ser capaz de pensar tais questões, a personagem entra num grande desequilíbrio com sua família. É necessário esclarecer os conflitos intrínsecos de relacionamento entre eles para que a personagem prossiga em seu caminho.

A obra como um todo não possui uma estrutura muito coerente e coesa, ainda que tenha sido produzido antes, em alguns momentos a autora parece se esquecer do que havia escrito e de que tipo de estrutura e enredo havia planejado. As questões de maior relevância acabam sendo tratadas superficialmente no romance. O foco narrativo todo se dá em torno de uma reunião que acaba chocando as ideologias da jovem Scout e culminando num grande conflito entre a Jean Louise adulta e seu pai. O título da obra representará o novo olhar da personagem tanto para com as pessoas que ela ama, quanto para com a própria cidade de origem.

“O vigia de cada um é sua própria consciência. Não existe essa coisa de consciência coletiva.”

De modo geral, a leitura é valida afim de gerar um desfecho para “O sol é para todos”, mas em alguns aspectos é quase desnecessário e frustrante. As diferenças entre as duas obras é substancial e culmina numa espécie de desencantamento do leitor. A grande mensagem aqui será:

“É quando estão errados que os seus amigos mais precisam de você, Jean Louise, e não quando estão certos(…) Direitos iguais para todos; privilégios para ninguém.”

*Scout é o apelido de infância de Jean Louise, apresentado em “O sol é para todos”.

Ano: 2015
Editora: José Olympio
Número de páginas: 252
Nota: 3/5

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Resenha por: Munique

Resenha “Madri Riviaes”

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“Vamos evoluindo com o tempo e não podemos parar”.

Sidmar Vieira, trompetista paulistano nascido em 1986. Aos 8 anos de idade iniciou seus estudos no instrumento. Aos 11 anos ingressou na ULM(Universidade Livre de Musica) onde começou a estudar  trompete clássico com o professor Edgar Batista. Aos 15 anos foi bolsista da Orquestra Sinfônica de Barueri, e aos 17 anos deu inicio aos estudos de trompete popular na mesma escola com o professor Daniel D’Alcântara durante três anos.

Na mesma época passou a integrar a Orquestra Jovem Tom Jobim, onde acompanhou grandes nomes da MPB como: Johnny Alf, Alaíde Costa, Maestro Roberto Sion, Cesar Camargo Mariano entre outros.

Atualmente faz parte da Orquestra Jazz Sinfônica do Estado de São Paulo, Soundscape Big Band, além de integrar a banda de Max de Castro e Wilson Simoninha no projeto Baile do Simonal, Sensacional Orchestra Sonora e outras bandas.

Sobre o álbum “Madri Riviaes”

O quinteto é formado por Sidmar Vieira(Trompete), Jefferson Rodrigues(Saxofone), Felipe Silveira(Piano), Sidiel Vieira(Contrabaixo) e Daniel de Paula(Bateria).

Lançado no final de 2016, Madri Riviaes é um anagrama de Sidmar Vieira, e dá nome ao seu segundo disco. O disco é composto por oito faixas autorais, que além de composições do próprio Sidmar, conta também com composições dos outros músicos participantes do quinteto.

O som quente e entrosado do quinteto, as melodias leves e agradáveis e a qualidade sonora se unem em uma ótima proposta, mesclando entre faixas que trazem vigor e energia envolvente dos músicos em seus solos, e temas mais intimistas, rico em detalhes, que deixam claro a qualidade técnica dos integrantes.

Sidmar está entre os grandes nomes do cenário, e faz jus com seu mais novo disco. Um trabalho de altíssima qualidade tanto na parte musical, de composições e interpretações, quanto na produção, que ficou a cargo da Panela Produtora.

“Uma coisa que percebi de um ano para cá é que estou sempre evoluindo, e que hoje já toco bem melhor as canções. Vamos evoluindo com o tempo e não podemos parar”.

Sem duvidas esse é um disco que traz o melhor do jazz brasileiro sem deixar de lado o swing, e que a cada vez que é tocado se torna mais prazeroso. Um disco para se ouvir e reouvir muitas vezes. Uma ótima pedida pra quem procura por novos nomes da musica instrumental brasileira.

Ficha técnica

Madri Riviaes
Ano: 2016
Produzido por: Panela Discos
Tempo estimado: 62:15 min

  1. Meus Amigos Compositores (Sidmar Vieira)
  2. Quartal (Fernando Corrêa)
  3. Efésios 3. 14-21 (Felipe Silveira)
  4. Mudanças (Sidmar Vieira)
  5. Lorena (Sidmar Vieira)
  6. Madri Riviaes (Felipe Silveira)
  7. Vale das Sombras (Sidiel Vieira)
  8. Ele Está Entre Nós (Sidiel Vieira)

Nota: 5/5

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Colaboração: Rafael Nilles

Música e leitura

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Não sei vocês, mas eu AMO ler ouvindo música! Porém, não dá pra ser qualquer música, né… Precisa ter qualidade e se encaixar nesse momento.

De tanto buscar, acabei encontrando uma playlist perfeita para esses momentos relaxantes em que a gente senta com um livro no colo e se perde…

Vim aqui deixar essa dica e abrir o espaço dos comentários para que se você também souber de alguma playlist boa pra ouvir enquanto lê, compartilhe com a gente. 🙂

Corre lá pro Spotify e conta o que achou!

Boas leituras musicais para todos!

Post por: Munique

Resenha “O sol é para todos”

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“Só existe um tipo de gente: gente!”

O sol é para todos, da autora norte americana Harper Lee, ganhadora do prêmio Pulitzer, publicado em 1960 e considerado um dos clássicos mais importantes do século XX. Ambientada na pequena Maycomb, no estado do Alabama, no início dos anos 1930, a estória retrata a forte presença do racismo no sul dos Estados Unidos, onde mesmo após o fim da escravidão, a temática segregação e racismo ainda era predominante.

O livro é dividido em duas partes. Na primeira, Scout, a filha de Atticus Finch, de apenas 6 anos, nos apresenta uma Maycomb rural e pacata, narrando sua rotina na companhia do irmão Jem, da encantadora governanta, Calpurnia, que é negra, de seu pai, um advogado muito respeitado, e de Dill, sobrinho da senhorita Rachel – vizinha de Scout – que sempre passa as férias de verão na casa da tia e embarca nas aventuras de Scout e Jem.

A narrativa se desenvolve principalmente em torno da vida das personagens que fazem parte do dia a dia de Scout. Boo Radley, seu vizinho recluso, que ela, Jem e Dill, apesar de terem muito medo de Boo, armam diversos planos para tentar vê-lo e finalmente descobrirem se ele é tão assustador como imaginam. Atticus Finch, um senhor de 50 anos, viúvo, que se dedica unicamente aos filhos, à advocacia e aos livros é sem dúvidas um dos personagens mais marcantes de “O sol é para todos”. É um ser humano gentil, íntegro, que sempre acreditou e lutou pela justiça e, desde sempre, ensinou os filhos a tratarem as pessoas com respeito e cordialidade, seja qual for a cor da pele e, principalmente, a lutarem pelo que acreditam e acham certo, independente de qualquer acusação que possam sofrer da sociedade.

Através da perspectiva inocente, sensível e amável de Scout, vemos como a sociedade sulista dos Estados Unidos, que podia ser doce e gentil com os brancos, era extremamente racista e enxergava os negros como sujeitos pecadores e indignos de qualquer compaixão ou confiança, servindo apenas como criados, criando diversas dúvidas em Scout, que não entendia porque todos os brancos à sua volta referiam-se aos negros com tanto desprezo.

Já na segunda parte do livro, temos Tom Robinson, um negro de 27 anos, casado e pai de três filhos, acusado de estuprar uma moça branca. Atticus Finch é designado para defender Tom e, à partir daí, Scout começa a ver sua vida mudar, passando a ser alvo de provocações e desprezo, por conta de ter um pai que defende um negro. Aqui, vemos o geniozinho forte da menina que não aceita as provocações e, muitas vezes, “parte pra briga”. Depois questiona Atticus sobre o motivo pelo qual a população de Maycomb não quer que ele defenda Tom.

Atticus, como ótimo advogado, mesmo sabendo que provavelmente estava lidando com uma causa já perdida, faz uso da lógica jurídica para construir seu caso e monta uma defesa inatacável para Tom. Reconstruindo todos os acontecimentos do suposto crime e, levando o júri, composto exclusivamente de brancos, a reviver todas as cenas e visualizar se Tom realmente seria capaz de estuprar uma moça conforme a descrição dos fatos feita pela acusação, dada a sua condição física.

Harper Lee, de maneira apaixonante e com seus personagens inesquecíveis, nos remete ao tempo em que não importava as qualidades pessoais de cada um, se eram pessoas honradas, honestas, íntegras, trabalhadoras, humildes e generosas, tudo era decidido de acordo com a cor da pele. O livro também relata, não raras vezes, a divisão entre pobres e ricos, velhos e jovens, negros e brancos, mostrando, ainda, a diferença de linguagem entre as diversas “classes” da época.

O título original do livro, To kill a mockingbird, faz referência a um pássaro, traduzido como “pássaro imitador”, que não existe no Brasil e é mencionado em certo trecho como um pássaro que nunca devemos matar, pois ele canta apenas para alegrar os corações.

“O sol é para todos” se tornou um dos meus livros preferidos. É um livro apaixonante, que nos ensina a enxergar o mundo com a inocência de uma criança, que não vê e nem entende a maldade do ser humano e, por isso, trata as pessoas apenas como pessoas, sem fazer qualquer distinção racial ou social. Durante a leitura, o leitor é tomado por diversos sentimentos: revolta, inconformismo, mas também compaixão, alegria e admiração por Scout, Jem, Atticus e todos os outros personagens marcantes e encantadores pelos quais nos apaixonamos ao longo das páginas. A leitura é leve, tranquila e obrigatória.

“Quando crescer, todos os dias você verá brancos ludibriando negros, mas deixe-me dizer uma coisa, e nunca se esqueça disso: sempre que um branco trata um negro desta forma, não importa quem seja ele, o seu grau de riqueza ou a linhagem de sua família, esse homem branco é lixo.”

Ano: 2015
Editora: José Olympio
Número de páginas: 364
Nota: 5/5

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Resenha por: Camila

Resenha “Mosquitolândia”

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“Meu nome é Mary Iris Malone e eu não estou nada bem.”

Mosquitolândia, do autor norte americano David Arnold, foi publicado em 2015. O livro nos conta a história de Mary Iris Malone, uma adolescente que é obrigada a mudar de cidade após o divórcio de seus pais.

Mudar de cidade é só o início da saga desta heroína. Com a mudança para o árido estado do Mississippi e o novo casamento de seu pai, Mary precisa se adaptar a uma nova realidade, aprender a viver com seus monstros e encarar a vida de um jeito novo. Quando criança, sua relação com sua mãe era bastante próxima, o que não facilita a adaptação da garota.

Sua madrastra está grávida, seu pai a trata com remédios que ela nem acredita precisar, para prevenir uma espécie de loucura que está na família. Naufragada em seus sentimentos, Mary rouba uma lata de café com algum dinheiro e bilhetes misteriosos de sua mãe e parte em busca do imprevisível, numa viagem de mais de mil quilômetros de ônibus partindo de volta do Mississippi para Ohio, onde sua mãe está e onde ela acredita pertencer. “Abra os olhos e encare o mundo sem medo”.

Durante a viagem, MIM escreve cartas para sua irmã que ainda nascerá, e acaba encontrando amigos que são muito importantes nessa jornada cheia de surpresas e contratempos. MIM nos ensina a não subestimar o valor de uma amizade. Suas cartas e reflexões são o ponto alto da obra, que convida o leitor a ler a vida de uma forma totalmente nova e surpreendente, propondo uma nova perspectiva acerca do amor, lealdade, amizade, confiança e até da loucura.

A narrativa acontece de modo muito agradável e envolvente, sendo quase impossível parar de ler. Há várias referências musicais maravilhosas que dá pra ouvir durante a leitura. Não tem romance forçado e infantil, e ainda apresenta um final surpreendente. Os capítulos são de tamanho médio e a linguagem é leve, o que acaba facilitando a leitura. Uma de minhas melhores leituras de 2016!

“Seja uma criança sincera. Balance uma bandeira para que todos vejam. E, a propósito… seja uma criança que gosta de surpresas. Grite de prazer com filhotes de cachorro, cupcakes  e festas de aniversário. Seja curiosa, mas alegre. Seja leal, mas independente. Seja gentil. Com todos. Trate todos os dias como se fosse o dia de waffles. Não se contente com o primeiro menino (ou menina), a menos que ele (ou ela) seja a pessoa certa. Viva a droga da sua vida. Faça isso com vontade, porque, meu Deus, não existe nada mais triste do que uma existência sem prazer. Saiba quem você é. Ame a si mesma. Seja uma boa amiga. Seja uma criança com esperança e substância. Seja uma criança com apetite, Isa. Você sabe o que quero dizer, não sabe?”

Dinâmico, empolgante, cheio de boas reflexões e de sentimentos verdadeiros.

A edição brasileira mantém a capa da edição original americana.
Ano: 2015
Editora: Intrínseca
Número de páginas: 352
Nota: 5/5

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Resenha por: Munique

Como tudo começou

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Tudo começou em Dezembro de 2014, quando nos conhecemos num festival de música chamado Rock no Vale. Fomos apresentadas por um mineirinho, amigo, super querido (Geo, se estiver lendo isso, OBRIGADA!) e foi amor à primeira vista, pois percebemos que tínhamos muitas coisas em comum. Logo, surgiu uma amizade muito gostosa. Além de filmes, músicas e séries, o que mais amamos são os livros, que acabou se tornando nossa maior afinidade!

Em 2016 iniciamos um clube do livro de duas pessoas. Todos os meses líamos algum livro juntas para conversar sobre no final do mês, e foi sempre mágico, muito acertado e delicioso! Com isso, acabou surgindo um clube maiorzinho, que foi parar no Facebook e que nos dá a oportunidade de dividir nossas leituras com alguns amigos e pessoas que acabamos encontrando nessa caminhada.

Como resolução de ano novo, decidimos expandir em 2017, criando este blog, que desejamos que seja casa tanto para nós quanto para você, leitor querido. Aqui postaremos algumas resenhas de livros que lemos ao longo do ano, bem como nossas modestas opiniões sobre filmes, músicas, séries e muito em breve, viagens 🙂

Você pode ter acesso aos livros que lemos em nossos perfis no Skoob (Camila / Munique)

Seja muito bem vindo em nosso espaço e fique sempre à vontade para comentar, dar sugestões e nos contactar quando preciso. Que venha o melhor ano literário de nossas vidas!